Por se tratar de suspeitos, os nomes do denunciante e do denunciado serão preservados
Uma moradora do assentamento Samba, zona rural de Maragogi, comunidade com apenas 131 famílias, revela horrores vividos por crianças e adolescentes na localidade. Segundo a moradora, o Samba se tornou terra de ninguém: estupro, drogas e violência doméstica dominam o pequeno território pertencente ao INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
Relatos de uma moradora demonstra que o sistema de segurança pública do Estado de Alagoas continua falido, e a justiça está longe de atuar em certas situações por não ter conhecimento de vários casos envolvendo menores de idade.
Reproduzimos abaixo o relato da moradora:
“Eu conhecia Madalena há oito anos e ela era uma menina descompassada, a família toda é, não tem estrutura de nada. Ela tinha dificuldade de aprender e de se comunicar um pouco, e vivia no aqui no Samba sob maus tratos pela própria família que não ligava. Há muito tempo que eu e algumas pessoas já havíamos falado com a mãe dela informando que ela (Madalena) precisava de tratamento, mas a mãe não ligava e foi embora para Peroba. Então Madalena passou a ficar sob os cuidados de Suelen, Dilma e Joabe, ambos irmãos.
“Aqui no Samba tem muitos homens pedófilos, muita pedofilia tem aqui dentro do assentamento. Drogas também são consumidas aqui livremente, pois muitos moradores são coniventes, e às vezes a conveniência parte da própria família que faz vista grossa. As crianças são negligenciadas pela família que bebe, e os pedófilos aproveitam o momento das farras de bebedeiras. Tem adolescentes que não tem namorado e de repente aparecem grávidas, garotas que os pais proíbem de sair na rua, mal saem de casa, e de repente já aparecem grávidas.
“Madalena tinha apenas 13 anos, mas não se prostituía. Entretanto, muitos homens se aproveitaram dela, após induzirem ela a beber bebida alcoólica. Há quatro meses teve um cara que tentou ter relações sexuais com Madalena à força, e quando foi agora ela sumiu, passou cinco dias desaparecida e a família não foi capaz de fazer nenhuma queixa as autoridades, como também não foram capazes de procurar a garota.
“Ela foi encontrada morta, espancada, estuprada, mutilada… um trabalhador aqui de uma parcela já tinha tentado estuprar Madalena, já tinha corrido atrás dela, e ela morria de medo dele. Inclusive eu tirei uma foto dele e arquivei no celular. Fomos informados que este mesmo trabalhador já veio corrido de Matriz de Camaragibe por ter sido flagrado se masturbando em frente a uma escola. Esse mesmo trabalhador desapareceu do Samba junto com seu pai, assim que o corpo de Madalena foi encontrado. Madalena morria de medo dele, e sempre se escondia ao vê-lo.”
A moradora ainda relatou à nossa reportagem não entender como o corpo da Madalena foi encontrado em um local tão longe, de mata adentro, informando que Madalena tinha medo e jamais andaria por lá sozinha. Ela ainda levanta a suspeita de que Madalena foi atraída por uma amiga que a tinha convidado para ir à cachoeira tomar banho e pegar macaxeira, e pediu que levasse uma peça de roupa. Por isso uma bolsa com peça de roupa foi encontrada ao lado do corpo de Madalena. A cachoeira fica próximo ao local onde o corpo de Madalena foi encontrado. A tal amiga foi chamada à delegacia, mas não passou muitos detalhes à polícia. A moradora reafirma que essa amiga de Madalena é a única capaz de revelar algo sobre o crime, pois esteve com a vítima momentos antes do desaparecimento. Só uma pessoa de confiança faria Madalena seguir o caminho onde o corpo foi encontrado.
A moradora ainda revela que o trabalhador da parcela, que fugiu do Samba após o corpo de Madalena ser encontrado, é trabalhador da parcela da irmã da amiga de Madalena. A moradora encerrou a entrevista dizendo que a vítima foi atraída ao local e que sabe que essa caso ficará impune, pois Madalena era uma menina de 13 anos, humilde e pobre, pelo que as autoridades não terão interesse no caso.
Esperamos que a polícia chegue ao assassino, e que este caso não fique apenas engavetado em inquérito policial. Sobre as denúncias de drogas e pedofilia, isto requer investigação direcionada. Tais denúncias demonstram que o Estado perdeu o controle da área, e por esta razão a lei deixou de existir no assentamento Samba. De acordo com a moradora, policiais do 6º BPM são acionados frequentemente, porém não conseguem chegar ao local devido às péssimas condições da estrada. Enquanto isso, o assassino de Madalena continuará solto.
Madalena cantando.