Vinte anos atrás, em 2004, o prefeito Sérgio Lira encerrou o segundo mandato sem conseguir eleger o sucessor, seu vice-prefeito da época, Antônio Lira. Dessa vez, o resultado foi outro. Ao fim do ano de 2024, Sérgio Lira vai entregar a prefeitura ao irmão do seu vice-prefeito atual, o popular Dani da Elba. Com ele também serão deixados vários problemas, entre eles a infraestrutura depauperada dos quatros cantos do município.
A disputa eleitoral entre Sérgio Lira e Marcos Madeira perdura desde o ano de 1996, quando o prefeito era o médico Paulo Max. Momento em que o poder foi tirado das mãos dos nativos e ficou longe deles por três décadas. Muito se fortaleceram os grupos políticos, no entanto, o desenvolvimento da cidade foi deixado de lado pelo poder público, enquanto o setor privado até hoje carrega nos ombros o nome de Maragogi.
Mesmo detendo um dos maiores orçamentos do Estado de Alagoas, Maragogi decaiu em diversos aspectos. Favelas surgiram; esgoto a céu aberto faz parte do paisagismo distrital; ruas centenárias têm calçamentos sem manutenção; o centro da cidade está fora dos padrões de uma cidade turística; a orla tem péssima iluminação pública; o espaço de eventos foi transformado em estacionamento privado; as ruas são estreitas e suas dezenas de placas que proíbem estacionamento geram caos a cada verão. São os saldos negativos da falta de pessoas capacitadas em cargos públicos.
Com o poder nas mãos de um nativo, espera-se que a cidade respire com um pulmão novo, com um ar limpo em cima de um orçamento avaliado em mais de trezentos milhões de reais. Dani tem o dever de preservar a cidade onde nasceu e cresceu, ou então será mais um que se preocupa apenas com o FPM e os recursos próprios.
Sérgio Lira fez um sucessor em 2024, assim como Marcos Madeira em 2012, ambos sem grande vantagem em número de votos. A polarização é uma faca de dois gumes, e serve de alerta para o vencedor, que tem a obrigação de trabalhar dobrado para não perder o poder no próximo pleito. Essa mesma polarização trouxe uma eleição disputadíssima em 2012, cuja consequência foi tirar Marcos Madeira do poder em 2016 por não ter conseguido reconquistar os votos perdidos durante o mandato de seu primo Henrique.
Agora resta aguardar como será o governo de um nativo, pois são trinta e dois anos desde a última vez. Se Maragogi cresce, nós crescemos juntos. O povo agora deve dar forças a Dani para que ele faça jus aos nativos, para que ele faça jus aos nome de Maragogi e ao orçamento que, bem administrado, terá sobras para se fazer um bom governo.