Um caso inusitado está acontecendo no Distrito de São Bento, em Maragogi, litoral Norte de Alagoas. Trabalhadores iniciaram a derrubada de um prédio nessa segunda feira (31), sem dar muita importância à segurança no local, mesmo diante da enorme construção que deverá ir abaixo. As ruínas pertencem ao famoso Hotel Marauba, erguido em 1994, o qual prometia, à época, gerar emprego e renda para uma população que sobrevivia da pesca e do bolo de goma. Sua arquitetura moderna, aliada à praia, abriu as portas do turismo na região. Infelizmente, devido à má administração, o hotel entrou em decadência e faliu pouco depois de inaugurado. Abandonado por mais de 20 anos, o prédio não passa de quatro lajes em ruínas que têm como hóspedes morcegos e usuários de drogas.
Suas estruturas de base estão comprometidas, as colunas e vigas estão se deteriorando, o teto de alguns apartamentos se encontram desfragmentados. Muitas famílias residem em frente e ao lado do prédio, correndo o constante de risco de um desabamento inesperado.
Finalmente, o dono da construção abandonada iniciou o trabalho de demolição. No entanto, foi da pior forma possível: não consta indicação de uma empresa especializada na obra, com profissionais qualificados, sequer protegidos, e entulhos – tijolos, vigas quebradas – são lançados de dez metros de altura ao chão, sem qualquer tipo de preocupação com a vizinhança. Parte da rua foi interditada, meramente por uma faixa zebrada, deixando livre o acesso à farmácia que fica em frente. Escombros se espatifam no chão e saem rolando por falta de uma rede de proteção que os segure.
No fim da tarde desta segunda-feira (31), parte de uma viga caiu sobre uma casa vizinha. Por sorte, não havia ninguém dentro.
Esse mesmo prédio já foi matéria neste Portal de Notícias quando informamos que ele estava em ruínas e poderia desabar a qualquer momento. Na época, entramos em contato com um empresário, com o intuito de descobrir a quem pertencia o antigo prédio, mas ele disse não saber. Depois da reportagem, a Defesa Civil de Maragogi analisou a situação, porém nunca emitiu à imprensa um parecer.
O dilema dos moradores é que eles apoiam a demolição, tendo em vista a decrepitude da estrutura; porém, a forma como a realizam traz tantos riscos quanto a situação anterior.
Diante do dilema, entramos em contato com autoridades locais e estaduais:
CORPO DE BOMBEIROS
O corpo de Bombeiros de Maragogi informou à nossa reportagem que a liberação para construção e demolição depende de autorização da prefeitura e lamentou o fato, pois resta à corporação ficar atenta ao risco de acidentes; mesmo assim, pedem rigidez na fiscalização às autoridades.
DEFESA CIVIL DO MUNICÍPIO
Já o coordenador da Defesa Civil do Município, Sielivaldo Lopes, informou que a obra foi iniciada sem autorização da prefeitura. Informada por moradores, a Defesa Civil foi até o local e pediu que os trabalhadores interrompessem a demolição devido ao perigo iminente. Um engenheiro da Secretaria de Infraestrutura deve atestar a demolição.
CREA/AL
A assessoria de comunicação do CREA/AL informa que eles estão sempre aptos a acatar as exigências documentais solicitadas, tanto em segurança, como no exercício legal da profissão. O gerente de Fiscalização do CREA/AL, Igor Balbino, informou-nos que a função do órgão está alinhada à defesa da sociedade, através de sua rigorosa fiscalização de qualquer construção ou demolição: “Esse tipo de trabalho deve ser executada por uma empresa responsável e que tenha em seus quadros profissionais capacitados, com técnicos e engenheiros que atestem os serviços”. Igor Balbino garantiu que fará a fiscalização dessa obra para ter certeza de que uma empresa qualificada a realiza. Ele também falou que o município é o órgão responsável pela liberação e que, se foi liberada, acredita que a prefeitura tomou todos os cuidados referentes à empresa responsável pela demolição.
Manteremos a situação atualizada.