Na noite desta quinta-feira (08), em Sessão Ordinária na Câmara Municipal de Vereadores, com a presença dos onze parlamentares, o vereador Major Paulo Nunes (PP) denunciou por crime de chantagem pessoas ligadas ao ramo de turismo em Maragogi. Segundo o vereador, eles tentaram tirar proveito da empresa responsável para realizar o maior evento de réveillon da história de Maragogi. Artistas de nível nacional, como Anitta e Gusttavo Lima, estavam na grade de atrações.
O vereador pediu atenção de todos em plenário para informar, através da transmissão da Câmara Municipal, que o motivo da transferência da festa de Maragogi para Japaratinga foram atritos entre pessoas ligadas ao trade turístico, que exigiam vantagens em cima da empresa responsável pelo evento.
Segundo Paulo Nunes, com a transferência Maragogi deixa de arrecadar mais de um milhão e meio de reais, fora os prejuízos causados a outros segmentos.
O vereador iniciou o discurso focalizando nos porte do evento e nas suas consequências para a cidade. O Réveillon Mil Sorrisos, festa privada, está marcado para ocorrer durante quatro dias, com artistas como Gusttavo Lima e Anitta e a promessa de enorme movimentação da cidade. Com o evento, espera-se que ainda mais gente nova e investidores conheçam Maragogi, e já se sabe que, durante os dias do evento, de 27 a 30 de dezembro, hotéis, pousadas e hostels estão por inteiro reservados, e a expectativa de que a cidade receba cerca de 6 mil pessoas por já aquece todos os setores da economia local.
Explicou o vereador:
“As empresas estiveram em Maragogi, conversaram com o poder público, se submeteram a essa proposta de fazer o evento aqui, que antes era na Bahia. […] Mas qual é o problema disso, vereadores? O problema é que já estava tudo certo, e foi vendido assim: que o evento aconteceria pelo o dia em Maragogi e à noite seria em Japaratinga, porque o proprietário, dono da área, alugou dessa forma junto a essa empresa. E passou pelo conselho, pelo COMTUR [Conselho Municipal de Turismo], a Prefeitura, através do Poder Executivo, deu todas as condições, abriu as portas do município de boa fé, boa intenção, esperando movimentar mais ainda economia; e, de repente, um grupo de três ou quatro empresários egoístas começou a criar dificuldades.”
“Qual é o fato hoje? Os empresários [do evento Réveillon Mil Sorrisos] que vêm investir, sabendo que é uma coisa de grande porte, de grande responsabilidade, os ingressos já todos vendidos, para não comprar briga preferiram abrir mão daqui de Maragogi e farão o Réveillon Mil Sorrisos em Japaratinga.
“O resultado disso? Um município pequeno como este, que precisa aumentar as receitas, que nós aqui durante a pandemia reformamos o código tributário e baixamos de 3,6% para 2,5% para incentivar o setor, que é o setor promissor, a Câmara fez seu papel consciente de que baixando impostos, movimentava mais, gerava mais emprego e renda. Mas o setor, todo não, parte do setor turístico — que vou citar nome aqui, vou dar nome aos bois — parte do setor começou a fazer chantagem e perdemos o evento, e diga-se de passagem, só nos ingressos, com 5% de ISS, que o município tem direito, Maragogi já perdeu um milhão e meio de receita […].”
O vereador diz ainda que o dinheiro arrecadado daria para comprar quinze mil cestas básicas. “Quantas cestas básicas poderia produzir? O que você não poderia fazer de infraestrutura, gerar emprego e renda? […] Não foi o trade turístico todo, os comerciantes que já estavam esperançosos, organizados. De qualquer forma, [o evento] será feito em Japaratinga, a movimentação vai ser aqui, o buggy, a lancha, o catamarã não perde tanto, mas o município perdeu receita por irresponsabilidade de um grupo que comprou uma briga desnecessária e fazendo chantagem.
“O CONVENTION, cujo presidente é o seu Farid Daher, que tem uma assessora conhecida como Ana, que foi chantagear a empresa para contratar o filho dela como DJ para tocar. Foi chantagear o dono da empresa para botar uma empresa de produção da colega secretária de Japaratinga, que já foi secretária aqui, Thereza Dantas.”
O vereador Paulo Nunes continuou a denúncia informando que o dono da empresa responsável pelo evento se viu preocupado com as chantagens, e tentou apaziguar informando que a sua empresa tem responsabilidade. Ainda de acordo com o vereador, as chantagens foram tamanhas que, na última reunião em Japaratinga, um advogado ainda questionava a estrutura de segurança, impondo uma série de dificuldades e ameaçando entrar na justiça. Prosseguiu o vereador:
“Qual é o empresário que vem para um local e quer ser ameaçado? E que seu evento pode estar sob judice e ser suspenso de uma hora para outra e causar um prejuízo enorme na empresa. Tudo organizado, tudo feito, não quis briga e desistiu daqui de Maragogi. Mas ainda foram chantagear lá no município de Japaratinga.”
Revoltado, Paulo Nunes garantiu aos pares que não vai se calar perante a situação e fará questão de denunciar onde quer que seja. “Eu assumo essa denúncia, sei o que estou fazendo, sei o que estou dizendo. Causaram prejuízo ao município e o município deveria cobrar e reparar esse dano. Só um milhão e meio de receita, 5% dos ingressos vendidos, fora outros atributos, outros impostos que seriam cobrados de forma indireta nos restaurantes, no faturamento dos hotéis […]. E o egoísmo do senhor Ranna Daher, o egoísmo do senhor Farid Daher e o egoísmo e a chantagem de uma secretária do Convention, fez com que Maragogi tomasse esse prejuízo. Eu estou denunciando isso, dando conhecimento à população. Vou repercutir nas redes sociais para que o povo tome conhecimento, porque esse pessoal se acha dono de Maragogi.
“Qual o questionamento disso? ‘Seis mil pessoas na cidade, tem estrutura para o lixo? Tem estrutura pra isso?, e o barulho?’ Em Maragogi, seria pelo dia. Pasmem, senhores. Eles vão fazer o réveillon deles e já está vendido, aproveitando inclusive o movimento que causou esse evento, surfando na onda. É um absurdo isso, isso não pode acontecer […]. Maragogi, quando conta com um evento como esse, aparecem uns pseudo-donos, uns falsos moralistas. É um evento que vai estragar o destino turístico? Então ninguém sabe o que esse povo quer. É um egoísmo muito grande, a irresponsabilidade também, e quem perdeu foi povo de Maragogi e o município com essa insânia. Estou fazendo esta denúncia nesta Câmara e vou repercutir isso.”
Com isto, encerrou suas palavras o vereador major Paulo Nunes.
Os empresários citados na matéria e a secretária do trade Turístico não foram localizados pela nossa reportagem, mas o nosso portal de notícias está a disposição para o direito de resposta.
A secretária de turismo da cidade de Japaratinga, Thereza Dantas, informou por telefone que não tem ligação com nenhuma empresa de ventos e que jamais faria algo desse tipo. Ela ainda destaca que nunca participou de reuniões referente ao evento Mil Sorrisos, como também nunca teve acesso ao projeto do evento. Thereza Dantas ainda salientou que recebeu um oficio do Trade Turístico em novembro, solicitando informações sobre o evento de réveillon, no entanto, sua reposta foi que não tinha conhecimento.
Anexo do ofício.