Moradores do Sítio Barros, zona rural do município de Maragogi, os quais há anos reivindicam água encanada e a construção de uma pequena ponte para ligar o povoado ao distrito de Peroba, foram surpreendidos de forma negativa ao descobrirem que o movimento de máquinas pesadas circulando pela localidade desde a semana passada não se tratava da realização dos seus pleitos, mas da construção de uma estação de transbordo de lixo.
Eles se revoltaram contra o município, afirmando que não aceitarão que o local preservado por todos, onde há rio e boa qualidade de água, torne-se um deposito de lixo.
A estação de transbordo de Maragogi foi construída na Fazenda Boa Vista em abril de 2018, prazo final dado pelo governo Federal para que todas as prefeituras adotassem as regras da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a partir da qual não se permitem os lixões abertos, como acontecia no Conjunto Deda Paes. O município, por não dispor de um aterro sanitário, foi obrigado a fazer um convênio com o Consócio Portal Sul do Estado de Pernambuco de 38 mil reais mensais, para que o lixo pudesse ser levado da cidade para o Aterro Sanitário em Rio Formoso-PE.
A moradora conhecida por “Preta”, preocupada com a situação em que o município está colocando a comunidade, fez uma grande movimentação para que todos ficassem cientes dos fatos, dizendo: “A prefeitura quer trazer o transbordo do lixo para nossa população aqui no Sítio Barros. Nós não concordamos e não vamos deixar que isso aconteça, porque isso vai nos prejudicar junto com a maior parte da população de Peroba, que pega água aqui. Também o rio pode contaminar. Vamos parar as máquinas, vamos tomar medidas, vamos denunciar ao Ministério Público Alagoano. Isso vai prejudicar o nosso solo, as nossas crianças, as nossas vidas e a nossa saúde […]. Aqui passa também a água que vai para a fonte água mineral Costa Dourada, e eles vão ser prejudicados.” Finaliza revoltada a senhora “Preta”.
Populares também denunciam a prefeitura por não mostrar o projeto de impacto ambiental e documentos do terreno. Eles pedem audiência pública para que todos fiquem cientes do que pode acontecer à comunidade se essa estação for implantada ao lado das residências. Nesta sexta feira (15), moradores reuniram-se com representantes da prefeitura, mas nada foi definido, porquanto estes não mostraram nada convincente.
Segundo especialistas, uma Estação de Transbordo direto não acaba com os impactos ambientais; apenas diminuem a poluição porque os lixões não ficam mais a céu aberto. Por outro lado, a Estação do Transbordo serve apenas para armazenamento das descargas recolhidas por caminhões compactadores na cidade, que em seguida são despejadas em contêineres para tomar o destino do aterro sanitário.
Ainda segundo especialistas o perigo vem mesmo do chorume, também conhecido como “líquido percolado”. É ele um líquido malcheiroso, geralmente de cor escura, originado de processos de decomposição de resíduos orgânicos. Além de causar danos à saúde humana, ele pode contaminar lençóis freáticos e outros recursos hídricos.
Na reunião de hoje, o vereador Júnior de Barra Grande (MDB) esteve presente. O parlamentar disse ser totalmente contra o projeto, e afirmou saber que a prefeitura tem condições de conseguir um local longe de tudo e todos. Ele relembrou que foi multado por tirar o lixo do campo de Barra Grande, enquanto a prefeitura quer destruir uma comunidade e, até o momento, nenhum órgão se manifestou. Garantiu, enfim, que estará na luta contra o mal que o município quer causar às famílias do Sítio Barros.