Como é de conhecimento de todos os moradores de Maragogi, cidade turística, que fica no litoral norte de Alagoas, distante a 135 km da capital Maceió, a CASAL (Companhia de Abastecimento de água e Saneamento do Estado de Alagoas) e SAAE (Serviço Autônomo de água e Esgoto), são as duas empresas de administração pública indireta que distribuem água para a cidade e seus distritos, sendo que a Casal é responsável pelo o abastecimento de Maragogi e Barra Grande, e o SAAE, por São Bento e Peroba.
O colapso é desenfreado: frequentes faltas d’água que às vezes são acompanhadas por mau cheiro, cor escura e água salinizada. Muitos cidadãos voltaram às antigas cacimbas para poder ter acesso ao produto de melhor qualidade. Informações dos profissionais tanto da UPA Santo Antônio como de clínicas particulares, indicam que crianças e idosos de Maragogi são atendidos diariamente com problemas referentes ao consumo da água. Ainda de acordo com eles, os pacientes são orientados a comprarem água mineral, e isso tem ajudado as empresas privadas aumentarem seu patrimônio, pois de acordo com comerciantes dos povoados, houve um aumento em mais de 100% na venda dos produtos nos últimos anos.
Quando reivindicam boa qualidade da água através da rádio local, moradores são intimidados pelo diretor do SAAE, que rebate as ligações dizendo que os habitantes de algumas localidades, a exemplo do Alto do Cuscuz e Rua de Trás em São Bento, áreas onde existe uma maior concentração de pessoas de baixa renda, estão devendo ao SAAE. Porém, não dá solução para os “bons pagadores”.
A pergunta que ascende é esta: para onde está indo o dinheiro das contas dessas empresas? Há rumores de que o prefeito da cidade tem a intenção de tirar a água da CASAL e repassar para o domínio do SAAE, levando o povo de pior a pior.
Outro fator que chamou atenção da reportagem foi os demonstrativos das análises da água do SAAE emitidos pela própria empresa nos meses de dezembro de 2018 e dezembro de 2019: de acordo com os talões investigados, as análises estão iguais mesmo com a diferença de um ano entre eles, como mostram as imagens. E isso pode ser perigoso para a saúde pública porque as mudanças de análise variam até mesmo no inverno, onde aumenta a vazão de água, ou no verão, quando diminuem.
Outro erro gravíssimo e preocupante é em relação a datas de recolhimento da água. De acordo com o que está escrito, a água foi emitida para analise antes da coleta, como também revela a imagem.
Mesmo assim, comparando as análises do SAAE e da Casal no mesmo período de dezembro de 2019, há uma contradição nos dados apresentados, como mostra a imagem:
Diante dos fatos, o Ministério Público Estadual informou que solicitará novas análises.
“Na verdade, o SAAE de São Bento se tornou uma empresa familiar, ou seja, um patrimônio hereditário. Analisem: sempre são as pessoas da mesma família que tomam conta desde a sua fundação. Os próprios diretores, além de ganhar bem, ainda agregam seus veículos, o que é um absurdo. A justiça deve ter conhecimento disso o mais rápido possível” , informou um funcionário público que pediu para não ser identificado por medo de represália.
Sobre as demais denúncias, o Ministério Público não se manisfestou até o fechamento da matéria.