As primeiras machas de óleo de petróleo começaram a aparecer nas praias de Maragogi, litoral Norte de Alagoas, no dia 16 de outubro por volta das 16h. Foram os moradores da praia de São Bento que presenciaram aquela mancha negra que indicava mais um desastre ambiental no cenário brasileiro, e, para concretização dos fatos, na mesma tarde do dia 16 moradores encontraram o primeiro animal marinho sufocado com o óleo e agonizando na praia: uma tartaruga. Os moradores do pequeno povoado se juntaram e salvaram o animal. Daí para frente surgiram os primeiros voluntários que limparam a praia imediatamente juntando várias toneladas de areia e óleo. Eles trabalharam sem nenhum material de segurança, como luvas, botas e máscaras, que são indicados por especialistas, uma vez que o material é toxico.
Na mesma noite, o óleo invadiu a praia de Maragogi, e mais voluntários sem nenhum tipo de proteção colocaram a mão na massa e conseguiram em tempo recorde controlar a situação. Pela manhã do dia (17), a praia de Maragogi aparentemente estava apta para banho. Mal foi comemorado o desempenho dos voluntários, quilômetros do óleo surgiram novamente entre as praias de Peroba, Barra Grande, Ponta de Mangue e Antunes, esta última considerada como o Caribe Brasileiro, e a mais frequentada por turistas nos últimos tempos.
Com uma situação quase sem controle, mais voluntários surgiram e deram continuidade às limpezas, porém, todos sem nenhum material de proteção, colocando em risco a saúde. A prefeitura ajudou com uma retroescavadeira e uma caçamba que recolheram todo o material misturado a areia. Com a chegada da imprensa local e Estadual que divulgaram em tempo real o desastre ambiental e mostraram que nenhum voluntário estava usando o material de segurança, a secretária de gabinete do prefeito Fernando Sérgio Lira, Alcione Pinto, de forma irônica usou sua rede social para criticar o trabalho da imprensa por publicar a verdadeira situação dos voluntários e das praias.
A nossa reportagem foi informada de que o material de proteção só chegou para os voluntários depois que vários comerciantes e empresários fizeram uma cotinha e compraram. Também o Governo do Estado enviou dias depois 500 botas, 100 luvas, algumas máscaras e peneiras. Ainda de acordo com voluntários, 95% do óleo do petróleo em toda a praia de Maragogi foi controlada, ficando apenas alguns vestígios quase imperceptíveis aos olhos dos visitantes e nativos. Diego Vasconcelos, que administra a pousada Costeira da Barra, teve a ideia de usar o aplicativo de WhatsApp e criou o grupo denominado MUTIRÃO DE LIMPEZA MARAGOGI, hoje composto por 234 voluntários que monitoram as praias, rios e manguezais todos os dias. O vitorioso grupo também envia vários vídeos para todo Brasil mostrando que a situação de Maragogi foi controlada, e que as piscinas naturais não foram atingidas e estão aptas para banho.
Já se passaram quatorze dias do aparecimento da primeira mancha do óleo em longa escala nas praias do segundo polo turístico de Alagoas, porém só agora, o governo municipal de forma surpreendente decretou estado de emergência até o dia 23 de dezembro. Este decreto preocupou vários empresários , comerciantes e ambulantes porque, para eles, Maragogi será vista novamente pelos os visitantes como uma cidade imprópria para visitação, e que acarretará sérios prejuízos à economia local. Áudios que circularam nas redes sociais no dia de ontem (29) indicam que vários pacotes que foram vendidos pelos os hotéis e pousadas estão sendo cancelados.