Com o pronunciamento do governador informando que iria construir o famoso aeroporto de Maragogi com recursos próprios, o prefeito da cidade, Fernando Sérgio Lira (PP), viu acender uma luz no fim do túnel e começou a se movimentar para consolidar a tão sonhada obra. No entanto, o governador pediu para que a prefeitura acabasse antes a estação de transbordo da Fazenda Boa Vista, por causa da quantidade de urubus que circulam a área. Certamente a fiscalização da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) reprovaria o projeto.
De imediato, a prefeitura de Maragogi mandou suas máquinas para a comunidade do Sítio Barros, vizinho ao distrito de Peroba, para que a estação de transbordo fosse transferida de Maragogi para lá. Inocentemente, os moradores aplaudiram a chegada das máquinas, porquanto achavam que uma ponte seria construída sobre o rio que corta a região. A construção da ponte e a encanação de água são velhas reivindicações da comunidade.
Os moradores começaram a desconfiar da atividade da prefeitura depois das máquinas começarem a abrir estrada para um terreno próximo ao rio, movimentação esta que nada tem de ver com a ponte. Eles descobriram que se tratava da estação de transbordo, e que a prefeitura iria transferir para a pacata comunidade não apenas o lixo compactado, mas, por conseguinte, milhares de urubus que sobrevoam e se alimentam de qualquer tipo de imundice que esteja ao alcance.
Pouco depois da descoberta, moradores se mobilizaram através das redes sociais e marcaram uma reunião com representantes do órgão municipal, trazendo consigo instrução, advogados, empresários, projetistas, construtores, agricultores e pescadores. Quando foi solicitado pelos moradores o projeto de impacto ambiental, documentos do terreno e outras legalidades, os representantes da prefeitura não tinha nada a expor e, simplesmente, saíram do local sem deixar esclarecimentos.
A ação impopular da prefeitura foi divulgada pelos meios de comunicação. Além disso, alguns órgãos federais foram acionados, a exemplo do ICMBIO, por se tratar de uma região com rio e lençol freático de água de boa qualidade. A prova disso está em uma empresa de água mineral do município instalada na região. Na noite deste domingo (17), habitantes do Sítio Barros foram informados de que a prefeitura havia desistido da construção do transbordo no local e que havia encontrado outra área para a realização da obra.
A falta de organização e planejamento só causou despesas, pois a obra já estava em andamento.
Lembremos que o prazo final dado pelo Governo Federal para que os municípios brasileiros acabassem com os lixões a céu aberto acabou em julho de 2018. Os municípios que não construíram aterros sanitários foram obrigados a contratar empresas; Maragogi contratou por 38 mil reais mensais uma empresa da cidade de Rio Formoso, em Pernambuco.
Para a construção de uma estação de transbordo, os municípios devem primeiro se adequar aos procedimentos para o Licenciamento Ambiental, como também observar os Decretos Estaduais que dispõem sobre o Controle das Atividades Poluidoras ou Degradadoras do Meio Ambiente.
Note-se que o aeroporto de Maragogi só entra em pauta a cada eleição. Com o fim do pleito, não se volta a falar sobre o assunto. Esta novela existe desde o primeiro mandato do atual prefeito, entre o fim dos anos 1990 e início dos 2000.