O Portal de Notícias Maragogiro realizou uma série de entrevistas com donas de casas de uma das comunidades mais pobres do segundo polo turístico de Alagoas: o Alto dos Sonhos. Composto de 54 famílias que vivem de forma sub-humana, sob barracos improvisados, sua realidade contrasta com a nacionalmente divulgada imagem de Maragogi e representa, no seu povo pobre, o desafio das autoridades de elevar os moradores até acima da linha da pobreza.
Maragogi conta com mais de trinta mil habitantes e cresce sem parar. Entretanto, ignoradas as colunas do acompanhamento governamental, do crescimento desordenado surgem, entre outros problemas, favelas sem estrutura, cujas casas de tábua e lona abrigam idosos, adultos e crianças. Ao mesmo tempo, ratos, baratas e escorpiões meandram no interior da precariedade da tal situação do Alto dos Sonhos.
As 54 famílias do Alto dos Sonhos se amontoam por detrás do Fórum de Justiça da cidade e sobrevivem, em sua maioria, do Bolsa Família e de reciclagem. Nesta entrevista exclusiva, elas demonstram que não perderam a esperança de serem reconhecidas pelas autoridades como sendo brasileiras e dignas. Além disso, permitem antever a necessidade urgente de programas sociais que acolham este povo abandonado.
Conta Lucleide, faxineira de 26 anos, mãe solteira de cinco filhos, que foi morar em barraco improvisado no Alto dos Sonhos por não ter condições de pagar aluguel. A sua sorte é o Bolsa Família; é dele que tira o sustento e o necessário para manutenções do barraco em tempo de chuva.
Por sua vez, a senhora Sílvia Valéria, de 53 anos, fez questão de mostrar a sua residência de poucos metros quadrados, cujos cômodos, de paredes tão frágeis quanto panos, conseguem guardar o sono de cinco pessoas. O descaso não cabe em palavras. Ela ainda sonha em ter uma casa digna.
Outro morador que chamou atenção da reportagem foi o senhor José Cláudio, de 38 anos. O seu casebre ele divide com a esposa e cinco filhos. Humilde como os demais, ele nos mostra o barraco apertado e as duas camas que acomodam toda a família. Quando o inverno cai sobre o telhado de lona com pedaços de brasilit, José Cláudio diz se sentir humilhado pela impotência de proteger os seus.
Patrícia Fabiana dos Santos tem 29 anos e é mãe de seis filhos. Ela e o marido estão desempregados. É da cata de material reciclável que eles sobrevivem. Patrícia garante que a ajuda nunca vem de fora, mas dos vizinhos; é a caridade destes que a socorre nos piores momentos, ainda que as situações sejam semelhantes. Em meio à miséria, esta mãe se emociona ao dizer que no almoço será servido arroz com salame. Comovida, reafirma a esperança da casa digna, uma que, diferentemente da atual, não seja vulnerável a insetos e a cobras e fique longe das humilhações que sofre quem mora em um lugar onde todos são tratados feito bandidos.
A situação de Natália Carla, 24 anos, mãe de cinco filhos, só se diferencia das vizinhas no que é pior: não tem banheiro em casa; ela, o esposo e os filhos usam os banheiros improvisados dos vizinhos. Assim como os demais, Natália sonha em um dia ter a sua casa de verdade.
Por lá encontramos também uma jovem gestante: simpática, Joice espera o seu primeiro filho. Ela conta que é natural de Olho D’àgua do Casado e que reside há dois anos no Alto dos Sonhos. Encontramos no seu lar as mesmas paredes de tecido. Joice nos abre as panelas e mostra que o almoço será arroz e feijão, sem mistura. Sobre o filho, a moradora diz que, após o parto, buscará emprego para dar a ele um futuro melhor; ela teme que ele cresça no Alto dos Sonhos.
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A desigualdade social aqui manifesta é um processo que prejudica e limita o status social de pessoas de condições econômicas inferiores, além do seu acesso a direitos básicos, como educação e saúde de qualidade, propriedade, trabalho, moradia, transporte e locomoção etc. Enquanto isso, às classes mais favorecidas as oportunidades vêm com facilidade.
Enquanto nada for feito, a situação se perpetua:
DEVIDO AOS LIMITES FINANCEIROS DO MUNICÍPIO DE MARAGOGI, A MATÉRIA E O DOCUMENTÁRIO SEGUEM EM APELO AOS GOVERNOS ESTADUAL E FEDERAL, POIS SÃO OS ÚNICOS COM CONDIÇÕES DE AJUDAR NA SITUAÇÃO, NÃO APENAS NO ALTO DOS SONHOS, MAS TAMBÉM NO RISCA FACA E SÍTIO MARUIM EM SÃO BENTO.
Nosso documentário em áudio e vídeo, “A Vida na Periferia de Maragogi”, está disponível nas nossas redes sociais: https://youtu.be/akuIW-mQvRY @maragogiro_oficial, no Instagram e MaragoGiro, no Facebook [hyperlink aqui].