Em busca de melhorias para a categoria, os policiais civis de Alagoas podem deflagrar uma greve geral, por tempo indeterminado, a partir desta segunda-feira, dia 13, caso o governo do Estado não defina, em assembleia, o reajuste do piso salarial, periculosidade e serviço voluntário de polícia (SVP).
A decisão se deu após o governo sinalizar uma negociação com a classe, mas ter enviado um projeto de serviço voluntário à Assembleia Legislativa do Estado (ALE/AL) que contempla apenas delegados e exclui agentes e escrivães da polícia.
A assembleia está prevista para ocorrer a partir das 13h desta segunda-feira, no auditório dos bancários. Além da questão salarial, o Sindicato dos Policiais Civis (Sindpol) tratará da portaria da Delegacia Geral que acaba com os plantões no interior e na capital, sobrecarregando e desmotivando os agente e escrivães nas delegacias.
Em entrevista à reportagem do CadaMinuto, o presidente do Sindpol, Ricardo Nazário, contou que, desde o mês de junho de 2019, a categoria tenta abrir um canal de negociação com o Estado por meio da Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag).
“Em setembro foi quando ocorreu a primeira reunião após um ato público por parte do Sindpol, na Seplag. Após isso, tivemos apenas duas reuniões, sendo a última em novembro, quando ficou acordado um calendário para 2020 para tratar do piso salarial e outros pontos de pautas da categoria”.
Tentativas de acordo
Ainda segundo Nazário, um dos acordos foi descumprido pela secretaria, que teria acordado não abranger apenas os delegados no serviço voluntário de plantão, mas também os agentes de polícia e escrivães. “Para a surpresa da categoria, no final de dezembro, o governador enviou à ALE o SVP só para os delegados. Isso revoltou a categoria. A gente se sentiu traído”, alegou.
Questionado sobre os efeitos de uma possível greve, o presidente do Sindpol disse que caso a categoria decida parar, apenas os casos de flagrante delito serão atendidos. Dessa forma, os Termos Circunstanciados de Ocorrências (TCO’s), os boletins de ocorrência e os mandados de prisão ou de busca e apreensão serão paralisados.
Reconhecimento
A reportagem também ouviu o delegado da Polícia Civil, Sidney Tenório, que afirmou que a luta dos agentes de polícia e escrivães por melhorias salariais é conhecida entre os profissionais das delegacias. “Eu fui agente de polícia por 12 anos e sei o quanto é importante que essa classe seja bem remunerada. Qualquer tipo de atividade de paralisação por parte deles vai afetar consideravelmente os trabalhos das delegacias”, explicou.
Além disso, Sidney alegou também que uma possível paralisação das atividades pode afetar o andamento dos inquéritos policiais, mas não conseguiu especificar quantos inquéritos podem ficar abarrotados nas delegacias devido à greve. Nesse caso, “a gente teria que trabalhar basicamente com os crimes mais urgentes, as investigações mais urgentes”, explicou o delegado.
Para Sidney, o apoio à categoria é fundamental. “São os agentes que vão às ruas fazer os levantamentos de locais de crimes, intimar testemunhas e fazer a parte das investigações externas.. Enquanto isso, os escrivães materializam isso junto aos delegados”, falou.
Ao falar sobre os pleitos e as tentativas de negociação da categoria, o delegado disse que torce para que haja um acordo entre os agentes e escrivães com o Governo do Estado e que o movimento não seja deflagrado. “Isso seria prejudicial ao trabalho nas delegacias de polícia. Quanto ao pleito, é mais que justo que seja dado [o aumento]. Os delegados conquistaram um aumento importante pra categoria que também vinha defasada, já que alguns profissionais estavam há alguns anos sem aumento. Agora, a gente torce que haja esse aumento pra eles também. Qualquer benefício que venha ser dado aos delegados para compensar uma carga horária, que também seja estendida às outras categorias”, especificou.
Na assembleia geral, além da questão salarial, o Sindpol tratará da portaria da Delegacia Geral que acaba com os plantões no interior e na capital, sobrecarregando e desmotivando os agente e escrivães nas delegacias.
Fonte: C.M