O professor Adriano, pré-candidato a prefeito de Maragogi pelo Rede Sustentabilidade, fala, em entrevista exclusiva ao Magogigiro, sobre a importância de sua candidatura e os pontos críticos na vida da população maragogiense nos últimos anos. Dez perguntas foram respondidas em um bate-papo democrático.
MARAGOGIRO — Por que o senhor pretende ser prefeito de Maragogi?
PROF. ADRIANO — Acredito que o povo anseia por uma pessoa diferente da velha política dominante em Maragogi há décadas. Sendo nascido e criado na cidade, tenho uma condição diferenciada. A política daqui, infelizmente, beneficia um grupo restrito em detrimento da maior parte da população; a prova disso é que Maragogi detém índices sociais baixos e indesejáveis.
MARAGOGIRO — Qual a sua opinião sobre o enfrentamento da pandemia por parte do município?
PROF. ADRIANO — O município deixou muito a desejar, principalmente em relação à transparência dos recursos que chegaram à prefeitura para auxiliar no combate, mais de 04 milhões de reais. Não vemos nenhuma prestação de contas justamente de um gestor que prometeu transparência. Apesar de ser médico, percebe-se que não houve preparo, talvez por prepotência, e que não agiu como deveria. No inicio do combate à pandemia, o prefeito pediu para a população ficar em casa, mas fez uma reunião com centenas de filiados ligados ao seu partido. Só colocou barreira sanitária em Peroba e, em entrevista a radio local, pôs a culpa na população ao dizer que as filas era problema da caixa econômica, ou seja: não houve preocupação suficiente para que os números de infectados não atingissem um índice tão alto; chegaram a ultrapassar os números dos municípios vizinhos.
Os boletins diários, diferentes dos emitidos pelo Estado, deixaram dúvidas. Gostaria de estar elogiando, mas a verdade tem de ser dita; essa é a minha visão sobre a pandemia porque isso tirou vidas. Aproveito para parabenizar os profissionais da saúde, que fizeram o oposto e, com o amor intenso à profissão apesar da pouca valorização, salvaram vidas.
MARAGOGIRO — Há rumores de que Maragogi está batendo o recorde com o nepotismo e o nepotismo cruzado. Sendo eleito prefeito de Maragogi, como o senhor resolveria este problema, uma vez que todos os candidatos têm família?
PROF. ADRIANO — Grupos que dominam a política de Maragogi há décadas governam em benefício próprio; o retrato disso é o nepotismo que acontece em Maragogi: são as mesmas famílias que ocupam os cargos principais e do alto escalão em um município onde o desemprego é grande. Além de crime, é uma enorme falha. Eu tenho lutado contra isso. Já denunciei o caso à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal, mas isso chegará ao fim a partir de janeiro do próximo ano. Sendo prefeito da minha terra natal, minha primeira atitude será uma auditoria: quem praticou o crime responderá. Os empregos da prefeitura serão para o povo de Maragogi, não para os meus familiares.
MARAGOGIRO — A nossa principal fonte de renda é o turismo. Quais políticas em seu governo serão adotadas para melhorar este segmento?
PROF. ADRIANO — Tenho observado que o turismo em Maragogi parou no tempo, tornou-se bate-volta: os turistas se hospedam em Maceió ou Porto de Galinhas, por exemplo, e vêm aqui apenas conhecer as piscinas naturais. A minha ideia é diversificar o parque turístico; aproveitar o turismo histórico e construir um museu, aproveitar o ecoturismo em potencial das nossas cachoeiras belíssimas e matas passíveis a trilhas, como a do Visgueiro. São atrativos que convencerão o turista a passar mais tempo na cidade, garantindo mais emprego e renda.
Outro ponto do nosso governo será o calendário de atividades anual. Com ele, o turista chegará aqui informado das datas fixas do Festival da Lagosta, Maragofé, MaragoCristo, Festival do Lagostim etc., em vez de as festividades serem realizadas conforme interesse partidário. Veja o que aconteceu com a mariscada de São Bento, que era em novembro e mudou para março; isso demonstra interesses políticos. Eu acredito no interesse coletivo e não partidário.
Ninguém imaginava uma pandemia que atingisse o mundo inteiro; do mesmo modo, pode acontecer uma catástrofe que atinjas as piscinas naturais; como ficaria o turismo? Ficaremos à mercê desse único tipo de atividade? O nosso turismo não será dominado só por um grupo, não terá esse monopólio, mas vai ser trabalhado de tal forma que toda a coletividade venha a participar.
MARAGOGIRO — A ociosidade domina a nossa juventude. Se eleito, que tipo de política adotaria para incentivo da classe?
PROF. ADRIANO — “Mente vazia é oficina do diabo”. Em todas as campanhas sempre tem essas promessas: “faremos escolas integrais no município.” Por falta de competência não as temos. Construiremos quadras nas escolas para a prática de várias modalidades de esporte — futsal, voleibol, judô etc. — para ocupar a mente dos jovens. Faremos convênios com a iniciativa privada para que o aluno, ao sair da escola, já tenha oportunidade de emprego. O município dará bolsas para que ele faça uma faculdade. Essas são algumas das inúmeras ideias para acabar com a ociosidade dos jovens.
MARAGOGIRO — Maragogi detém um orçamento anual de mais de 82 milhões de reais, mas o povo sofre sem moradia digna, sem renda e poucas expectativas. Se eleito, como resolveria este tipo de problema?
PROF. ADRIANO- A falta de moradia no município se dá pela falta de políticas voltadas para esse setor. Sabemos que há 25 ou 30 anos não havia favela em Maragogi, ao contrário de hoje. Mas, com a ajuda dos agentes de saúde, que têm o conhecimento das dificuldades de cada morador por estarem na linha de frente, o município construirá casas para quem não tem e realizará mutirões para reconstruir as precárias. É lamentável um pai de família no inverno trabalhar o dia inteiro e não dormir à noite por viver em moradia precária. Não precisamos ir ao sertão do estado ou a um país africano para ver a precariedade das famílias; basta você ir ao Sítio Maruim, Deda Paes, Alto dos Sonhos e na Favela de Peroba. Dói no coração, porque o sofrimento é grande. Vemos municípios que recebem recursos inferiores a Maragogi com programas habitacionais, ao contrário do que ocorre na nossa cidade.
A gestão do grupo Madeira criou o Deda Paes e a gestão atual criou o Alto dos Sonhos. É a mesma politica. Eu quero mudar essa situação e sei que será possível; é só acabar com o nepotismo que sobra dinheiro. Vamos fornecer recursos e materiais, e através de mutirões, acabaremos com as favelas em Maragogi.
MARAGOGIRO — São Bento, Barra Grande e Peroba são comunidades que crescem praticamente isoladas. Que assistência diferenciada o senhor levaria para as referidas comunidades?
PROF. ADRIANO — Em nosso plano de governo, Maragogi está dividido em quatro áreas: zona sul, o centro, zona norte e zona rural. São Bento fará parte da zona sul, por ter um espírito empreendedor, e no futuro governo do professor Adriano nós teremos uma pasta que cuidará dos micro e pequenos empresários. Só em São Bento há mais de 40 micros empresas, o que significa que São Bento tem um comércio maior de que as cidades de Japaratinga, Jacuípe e Jundiá, mas essas pessoas não têm incentivos. São Bento fará parte do turismo histórico com a restauração do mosteiro. Barra Grande, Xaréu, Ponta de Mangue e Peroba ficarão na Zona Norte em nosso governo; infelizmente, por causa do desgoverno, lá já tem esgoto a céu aberto e outros problemas, mas vamos transformar aquela área em um turismo sustentável. O turismo em Maragogi é amador ao ponto de vidas serem ceifadas, como aconteceu com o casal e sua filhinha, que morreram por falta de sinalização. Em nosso governo, isso não vai mais acontecer. No Caminho de Moisés haverá fiscal até sair à última pessoa, pois vidas são mais importantes do que interesse próprio.
MARAGOGIRO — Quase metade da população de Maragogi vive nos assentamentos e sofrem bastante. Como o senhor acabaria com parte do sofrimento desse povo?
PROF. ADRIANO — Eu sou filho de agricultor, morei na zona rural e sei que esta questão parou no tempo. As estradas continuam do mesmo jeito de quando eu morava, a população quer trabalhar, mas não há incentivo para o agricultor ter uma melhor condição de vida. Chegamos à feira-livre e os produtos vêm de fora. Então, eu quero mudar essa situação; os assentamentos se tornarão produtivos em sua agricultura, vamos aderir à criação de animais, e inserir na zona rural o turismo de aventura por meio da exploração das trilhas e cachoeiras, como falei anteriormente. Até o nativo fará questão de participar. Temos de avançar com o sistema de cooperativas, parcerias com escolas técnicas e rurais para que os futuros técnicos venham estagiar na área, transmitir conhecimento para que a região se desenvolva. Em nosso governo vamos fazer um mercado público de verdade para comercializar nossa produção; Maragogi deixará de ser comprador e se tornará fornecedor. Construiremos vias de fácil acesso de inverno a verão, porque as estradas aqui só funcionam no verão e mal. Sendo assim, a vida no campo vai melhorar.
MARAGOGIRO — Precatórios da educação. Que destino o senhor daria aos mais de 40 milhões de reais que estão nos cofres da prefeitura de Maragogi?
PROF. ADRIANO — Esse dinheiro será destinado para quem tem direito, que no caso são os profissionais do magistério. Em nossos primeiros atos, além da auditoria que será feita no município, será encaminhada á câmara de vereadores a autorização do rateio entre os professores, assim como ocorreu em Porto de Pedras, Arapiraca e outros lugares do Brasil. Eu acredito que haverá uma mudança na câmara de vereadores; com novas pessoas que trabalhem em prol da população, o projeto será aprovado e encaminhado para justiça Federal, que o homologará, e os professores receberão sem problemas o dinheiro dos precatórios. Eu tenho esse direito também, mas doarei os valores a alguma instituição ou dividirei com aqueles da educação que não têm o direito de receber. Também garanto que o gestor prestará contas caso já tenha usado os valores, pois eles pertencem aos professores.
MARAGOGIRO — Qual a sua opinião sobre os 4,31% de aumento salarial dos professores este ano?
PROF. ADRIANO — Isso nem pode ser considerado aumento, pois é uma reposição salarial equivalente à inflação do último ano; em anos anteriores isso sequer foi feito. Os profissionais precisam ser valorizados em todas as áreas, porque assim produzem mais. Em nossa futura gestão, faremos com que, no mínimo, todos os funcionários tenham um aumento digno acima da inflação e vamos colocar os funcionários públicos de Maragogi em um nível em que recebam e reconheçam valorização. Eu fui professor na antiga gestão do atual prefeito e fiquei com meses de salário atrasado; na gestão passada ocorreu o mesmo — até hoje tem ação na justiça. Isso é típico de maus gestores. Os maus gestores não querem incentivar a transmissão de conhecimento porque eles sabem que, no dia em que a população acordar, eles deixam de dormir.
Sendo eleito, como o senhor vê Maragogi daqui a quatro anos?
PROF. ADRIANO- Daqui a quatro anos, quando eu entregar a gestão a outro prefeito — pois sou contra a reeleição e não quero fazer carreira política — quero entregar a um prefeito que esteja longe dessa linha que domina Maragogi há décadas, e quero entregar com as pessoas dizendo: “Mudei minha ideia: existe político honesto e o Adriano é um exemplo”; “Agora resgatei a vontade de votar porque o Adriano honrou o meu voto”. Eu quero que as pessoas comparem Maragogi aos municípios de Gramado, Lucas de Rio Verde e Olimpia, em São Paulo. Quero acabar com a velha politica e fazer Maragogi, como uma fênix, renascer das cinzas. Espero que nas próximas eleições a população analise as ideias de cada um, pois os outros sequer acreditam nas próprias promessas. Então, tenham certeza de que Adriano quer acabar com os grupinhos e o nepotismo. Estou preparado para fazer uma gestão que beneficie todos de forma geral.
O Portal de Notícias MaraGogiro agradece ao pré-candidato Adriano Calaça pela entrevista.