O piso salarial dos professores da educação básica da rede pública, de acordo com o Plano Nacional de Educação (PNE), era para chegar ao ano de 2020 equiparado aos salários de outros profissionais com escolaridade equivalente. No entanto, alguns municípios descumprem com a regra, porque não há punição contra o poder executivo referente à matéria. O valor do piso nacional do magistério é calculado com base na comparação da previsão do valor aluno-ano do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) dos dois últimos exercícios.
Em Maragogi, para o incremento de valorização dos profissionais de educação, foi criado o Plano de Cargo e Carreira, ainda no ano de 2006, com o objetivo de manter equilibrado acima da inflação os salários dos professores. Contudo, há quase quatro anos que o município não vem cumprindo as determinações do projeto de Lei que foi aprovado pelos vereadores da época. Assim, os professores de Maragogi vêm sofrendo bastante com o estilo de administração do gestor, visto que, desde o impasse referente aos precatórios do Fundef, a classe foi esquecida junto com o aumento anual dos provimentos. Em entrevista ainda em 2019, o prefeito garantiu que este ano daria um aumento de 11%, entretanto, agora voltou atrás e vem colocando culpa no novo coronavírus, aproveitando o momento como forma de ludibriar a classe.
O sofrimento dos professores não se limita apenas à má gestão do poder executivo para com os profissionais públicos, mas também por dez vereadores da base aliada do prefeito que se apegaram durante estes últimos anos à inércia e à subserviência do poder executivo. Esta forma imponderada de administrar o município pelo os dois poderes causaram grandes prejuízos aos professores. Em outro momento, o poder legislativo de forma surpreendente votou contra algumas mudanças no PCC, contrariando a Lei do direto adquirido, e a votação do alto agrado entre legislativo e executivo foram parar nos tribunais.
Surpreendentemente, alguns vereadores, questionados na época, informaram a nossa reportagem que não tinham conhecimento de que o projeto de Lei estaria modificando alguns artigos do PCC com o intuito de atrapalhar a vida dos profissionais de educação. Lamentavelmente, as palavras de alguns parlamentares apenas consolidaram o pensamento da subserviência entre os poderes, distorcendo explicitamente o ART 2° da Constituição Federal, que comanda apenas a sua harmonia e independência.
Assim, tudo indica que o prefeito e o secretário de educação pararam no tempo, pois é de conhecimento de todos que só a educação corrige o Brasil. A defasagem salarial e falta de condições básicas para o desenvolvimento das aulas continuam desafiando a paciência dos educadores maragogienses, que foram esquecidos e abandonados pelo o município de Maragogi. Basta saber agora qual o novo argumento do gestor para continuar enrolando a classe e empurrado com a barriga o aumento salarial dos mestres. Esperara-se que não seja por uma nova pandemia.