O município de Boca da Mata, a 80 quilômetros da capital, na zona da mata do Estado, é o principal alvo da Operação Sesmaria, desencadeada na manhã desta terça-feira (27) em sua fase ostensiva pela polícia federal.
As investigações, coordenadas pelo Ministério da Transparência e Controladoria Geral da União e Receita Federal, já detectou anomalias em contratos firmados entre 2013 e 2017 relativos ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e ao Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (Pnate).
Os prejuízos aos cofres públicos já ultrapassam R$ 4,5 milhões e podem chegar a R$ 80 milhões, considerando o total de contratos sob investigação. Os acusados de fraude em licitação, associação criminosa, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, podem ser condenados a até 50 anos de prisão. O esquema consistia em desviar recursos públicos de contratos de fornecimento de combustíveis e de locação de veículos e de máquinas de municípios alagoanos.
A prefeitura de Boca da Mata, umas das 14 prefeituras investigadas pela Polícia Federal, aumentou o consumo de combustível dos veículos oficiais municipais de 150 mil litros para 600 mil litros, um aumento de 300% em poucos meses, de acordo com o cruzamento de dados feito pelos investigadores federais. Outro caso que também chamou a atenção da Polícia Federal foi o consumo de óleo diesel: subiu de 200 mil litros para 480 mil litros sem uma justificativa convincente.
Como os envolvidos pertenciam a gestões de diferentes cidades, mas agiam de maneira similar, foi constatado que eles podem ter formado uma organização criminosa, onde suspeita-se que tenha sido desviado cerca de R$ 10 milhões em fraudes aos cofres públicos. Nove pessoas já foram afastadas de seus cargos públicos, incluindo o secretário de finanças de Boca da Mata, que também é proprietário do posto de combustível supostamente envolvido no esquema.
O prefeito Gustavo Feijó foi procurado pela imprensa e informou que uma nota sobre a operação será publicada no site da Prefeitura de Boca da Mata.
Os cerca de 175 agentes da PF-AL agiram em conjunto com a Receita Federal do Brasil (RFB) e a Controladoria-Geral da União (CGU), onde bens de luxo que pertenceriam aos suspeitos também foram apreendidos. Cerca de 40 carros, oito embarcações, casas de praia e até uma fazenda foram alvos dos investigadores.
A fase ostensiva da Operação “Sesmaria Alagoana”, tem como objetivo de desarticular organização criminosa atuante nos municípios de Boca da Mata, Mata Grande, Branquinha, Campo Grande, Joaquim Gomes, Maravilha, Olho D´Água Grande, Pariconha, Rio Largo, São Luiz do Quitunde, Estrela de Alagoas, São Miguel dos Campos, Pão de Açúcar e Dois Riachos.
Todas as informações foram confirmadas pelos responsáveis da investigação, Moacir Rodrigues de Oliveira, da CGU; Luciano Patury, delegado da PF e coordenador da operação; Agnaldo Mendonça, delegado da PF da delegacia de Crime Organizado; Francisco Tavares, delegado adjunto da Receita Federal; e Rolando Alexandre de Souza, Delegado superintendente da PF AL, durante entrevista coletiva realizada na sede do órgão no estado, em Maceió.