Contando 109 anos de idade, dona Benedita Buarque de Gusmão, a popular Bilar Parteira, será reconhecida pela Câmara de Vereadores como cidadã maragogiense. O título foi oferecido pelo vereador Júnior de Barra Grande (MDB) na última sessão.
Todos ao redor conhecem a dona Bilar Parteira, uma mulher simples, humilde e brincalhona, com o bom humor acima de tudo. Ela detém um dos quadros clínicos mais invejáveis do mundo moderno, pois o tempo deteriorou apenas parte da visão e de audição; isso, porém, não é suficiente para suprimir a sua alegria e simpatia. Dona Bilar tratou a entrevista como se estivesse em uma rodas de amigos, contando histórias.
A maragogiense de coração traz em seu bojo literário longas histórias, ela transcreve o seu passado em linhas retas e, sem titubear recorda a trajetória de vida percorrida entre as cidades de Porto Calvo e os engenhos de Maragogi, locais que ela vivenciou durante datas comemorativas, conflitos e políticas diversas, que o homem contemporâneo só conhece nos livros de histórias.
De acordo com seu relato, dona Bilar dedicou-se à profissão de parteira, resumindo o seu tempo em ajudar mães carentes a trazerem seus filhos ao mundo. Ela nasceu na cidade de Porto Calvo – AL, em 27 de outubro de 1912, filha de Antônia Maria de Gusmão e Sebastião Buarque Lima, figuras ilustres na sociedade da época, embora de famílias rivais; as intrigas familiares, no entanto, não foram capazes de separar os pais, cuja paixão gerou Benedita Buarque de Gusmão. As rivalidades familiares continuaram mesmo com o nascimento, até atingir a culminância quando um irmão de Antônia Maria tirou a vida de Sebastião Buarque.
A convivência conturbada abalou a saúde de Antônia Maria, que logo adoeceu e morreu, deixando sua pequena filha órfã, de 5 anos de idade, aos cuidados de uma tia. Aos 15 anos de idade, Benedita Buarque de Gusmão realizou o seu primeiro parto, e a partir daí não parou mais. Já aos 17 anos, migrou para Maragogi e a pequena vila de pescadores foi agraciada pelo seu trabalho voluntário de parteira. Dona Bilar só largava suas pacientes quando estavam totalmente sãs.
Com a expansão do seu conhecimento, a parteira era cada vez mais requisitada, e locomovia-se a pé, a cavalo, de carona ou trator, mas não deixava ninguém sem os seus serviços. Ela foi apelidada carinhosamente pelos médicos da época de “Ambulância Branca”, em alusão à sua desenvoltura de ajudar os necessitados, pois não apenas realizava partos: dona Bilar estendeu sua bondade a órfãos, idosos, doentes e famílias carentes, que ajudava.
Aos 70 anos de idade, computava oficialmente 1.046 partos. Deixou de contar a partir daí. Deixou a vida de parteira aos 90 anos.
Evitando que tamanho legado seja esquecido, o vereador Júnior de Barra Grande (MDB) lhe proporcionará o título cidadã maragogiense a esta grande mulher e guerreira, que em seus 109 anos de vida, só fez o bem ao próximo.
Dona Bilar não chegou a erguer a própria família, e na velhice foi morar com a saudosa dona Cotinha na fazenda Piabas. Depois que esta faleceu, morou com José Augusto e Marli Maria de Barros, filho e nora de dona Cotinha.
Segundo Marli Barros, cuidadora, dona Bilar precisa se locomover em cadeira de rodas depois que sofreu uma queda ao depenar uma galinha, seu prato favorito. Com o fêmur quebrado, incapaz de operar devido à idade, dona Bilar segue sua vida normalmente, alimenta-se direitinho e tem como particularidade a cronometragem de sua alimentação e suas dormidas.
A família que adotou dona Bilar em sua velhice a tem como uma pessoa muito importante, pois, segundo eles, não podiam deixar para trás quem só fez o bem.
O vereador Júnior de Barra Grande foi falar com dona Bilar. A ex-parteira, além de ter reconhecido o vereador, deu-lhe um forte abraço e puxou conversa sobre política, informando os candidatos em que votara nos últimos anos. Ao saber do título, dona Bilar ficou maravilhada e sem palavras diante do parlamentar.
Vale ressaltar que a dedicação de Dona Bilar às pessoas carentes era sem retorno financeiro, por amor ao próximo. Não havia sido reconhecida e exaltada oficialmente pelas autoridades como pessoa ilustre da cidade até então, com o título de cidadã maragogiense.
Faltou comentar sobre as andanças dela a cidade de barreiros, pessoa muito querida pelos médicos daquele antigo hospital e seus funcionários. lembro-me bem quando nos tempos passados fui um dos diretores do pam-sus barreiros (Antigo posto do inps) muito nos alegrava com sua alegria contagiante e suas ou seus causos engraçados, parabéns Maragogi e a nossa querida bilar.