Com pandemia, desemprego e inflação alta, tudo ao mesmo tempo, famílias de baixa renda estão voltando à miséria em todo o Brasil. Em Maragogi, região norte de Alagoas, uma das cidades mais ricas do Estado, não é diferente. Apesar das centenas de empregos diretos e indiretos originários do mercado de turismo, o cenário em uma das comunidades relembra décadas passadas, quando era necessário cozinhar a lenha ou a carvão. Conhecido como Sítio Maruim, a pequena comunidade instalada ao lado dos manguezais em São Bento é uma das delicadas situações sociais que o município enfrenta, junto ao Alto dos Sonhos e ao Conjunto Deda Paes.
Outra reportagem do nosso portal mostra que a fome já dominava parte das comunidades carentes. Registrava-se, no entanto, o gás de cozinha. Agora, com a alta do produto, a escassa alimentação é preparada ao relento e ao fogo de lenha.
Dona Severina, 64 anos, moradora do Maruim, é aposentada e recebe um salário mínimo. Ela relata não ter mais condições de comprar o gás de cozinha, visto que metade do dinheiro fica no empréstimo consignado; o jeito, para ela, foi voltar a cozinhar a lenha. Dona Severina foi uma das moradoras afetadas pela enchente de 21 de julho de 2020, quando perdeu todos os bens. Nossa reportagem acompanhou trajetória dela e dos demais afetados.
Também para a senhora Maria José de Souza, residente há 23 anos no mesmo casebre na comunidade, a situação está difícil. Mãe de seis filhos, ela cozinha a lenha há muito tempo e afirma que a situação só piora. Marido e filhos vivem de bico, entre a construção civil e a venda de guaiamum. Quando chegarmos, ela informou que ainda tinha alimentos em casa; verificou as horas e viu que já precisava acender o velho braseiro.